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Tudo junto e misturado - Um tour pelas artes, parte 12 de 11

Olá pessoas, eu sou o Willian Vulto e esse é o meu último post da minha série de textos sobre as formas de arte e o que elas representam enquanto formas de construção de narrativa. Foram 11 semanas (na verdade 12, por que eu tirei uma folga no réveillon) pensando e tentando compreender as nuances das artes e como os artistas se colocam no mundo.

Agora, esse último texto não é sobre nenhum tipo de arte, mas justamente sobre a mistura delas e algumas conexões interessantes que podem surgir quando aplicamos um olhar não viciado (e até um pouco enlouquecido) sobre elas.
Artes
Então o que é a arte?

A arte é a tarefa de construir narrativas e significados de uma forma que não se limite à práxis e ao utilitarismo, como eu falei um pouco no texto sobre Escultura. Construir uma coluna para segurar o teto de uma casa é prática, enquanto construir uma coluna com referências históricas ou símbolos que remetam a algo (mesmo que pessoal), é construção de simbologia e de sentidos, logo arte, na minha concepção (teóricos da arte devem me odiar). É claro que isso tudo é subjetivo e não existe uma escala mundial que define o que é arte ou não, e isso torna possível a existência de várias obras que transitam entre vários campos.

Mas não se importe tanto com isso. Uma definição aqui não serve para nada e não é para esse caminho que eu quero ir.

Hoje, o que eu quero pensar aqui, é na própria questão dos sentidos em si. Ok, na minha linha de raciocínio, arte constrói sentidos, porém, existem sentidos e símbolos que surgem no universo de forma natural. Então, existem duas possibilidades:

1) Existem dois tipos de sentidos: os naturais, que simplesmente surgem por si só no universo; e os artificiais, criados por nós, enquanto artistas, músicos, pintores, escultores, etc;

ou...

2) É tudo a mesma coisa e essa separação vem de uma limitação nossa para enxergar um padrão maior.

Há algum tempo atrás, eu lancei um episódio de podcast, o Observador Quântico #22, intitulado "É tudo a mesma coisa?". Nele, eu falo sobre algumas coisas da física que pareciam muito diferentes, mas que, com o tempo, nós percebemos que não são tão diferentes assim. A física descobriu que Massa é Energia, Onda é Partícula, Temperatura é Velocidade, Posição é Probabilidade e, ainda, que o Tempo é só mais uma dimensão coordenada, junto com as coordenadas espaciais. Ou seja, objetos de campos diferentes podem se unir em uma única teoria unificada quando alcançarmos conhecimento suficiente. Por isso, das opções citadas acima, eu prefiro a segunda, que une tudo.

Mas qual a consequência disso? Se só existe um tipo de ideia, símbolo e/ou sentido, e nós temos a arte como essa ferramenta de criar sentidos, é possível imaginar que todo sentido é criado por algum tipo de arte.

Porém, se todo sentido é criado por arte, como se explicam os sentidos intrínsecos que surgem no universo de forma 'espontânea'? Uma saída para isso, é supor que o universo, por si só, é capaz de fazer arte. Ou seja, existe uma matriz artística que faz todas as coisas serem o que são, através de um tipo primal de arte que estabelece e acopla o sentido básico à todas as coisas.

Então, a minha teoria é:

"Todo o universo que conhecemos é uma enorme obra de arte, que começa no Big Bang e só terminará no fim do universo. E, pasmem, eu venho dizendo isso com as minhas metáforas malucas desde o meu primeiro texto, quando eu disse que tudo é onda, logo tudo no universo é uma única música."

Então os elementos estão todos aí. A Vida o Universo e Tudo o Mais, é a obra de arte definitiva que agrega todas as formas possíveis e concede todos os sentidos à todas as coisas.

A vibração dos comprimentos de onda são a trilha sonora dessa peça (Música), enquanto os corpos se doam (Artes Cênicas) para que os sentidos possam existir associados a eles. Enquanto isso, a luz (Fotografia e Pintura) permite que os corpos se enxerguem e interajam, dando mobilidade aos sentidos. O tempo (Arte Sequencial e Cinema), que está diretamente ligada à luz por meio da relatividade, permite, por sua vez, que os sentidos se transformem e sejam vários em um só. E no meio da dança cósmica, a Massa (Escultura) e o Espaço (Arquitetura) abrigam os sentidos e dão morada para que eles possam se estabelecer, criar raízes e se multiplicar através da abstração (Literatura).

Dito isso, ainda existe uma pergunta a ser feita: Existe arte sem vontade? Essa não é uma pergunta que eu queira tentar responder, mas qualquer uma das repostas tem implicações sérias sobre nossa cosmovisão.

Se existe arte sem vontade, a arte pode surgir do nada, assim como o universo, mas os dois surgem juntos em uma relação biunívoca de causa-consequência. Nesse sentido, o universo apenas é o que é.

Por outro lado, se não existe arte sem vontade e o universo é uma grande obra prima, é necessário que aja uma vontade responsável por começar esse trabalho. Pode ser Deus, se você for religioso, ou talvez o universo tenha vontade própria e tenha iniciado seu próprio processo de significação através do Big Bang. Ou podemos estar vivendo em uma simulação, criada como arte (Arte Digital ou Videogame), por inteligências alienígenas superiores, quem sabe?

Eu prefiro acreditar que não existe arte sem vontade, logo existe essa Grande Coisa que começou essa grande obra que a gente chama de universo. Chame como quiser, Deus, Universo, Caos, Pós-Humanos, Aliens, Titãs, Acaso, 'A Vontade', ou como quiser, não me importa.

O que me importa dizer é que essa Coisa é um baita artista e esse nosso universo é muito maneiro.

Então esse é meu último texto dessa série. Espero que tenham gostado dessa viagem alucinada pela minha mente doentia e tenham se identificado com o meu jeito estranho de ver as coisas.

Por favor comentem aí e me digam o que acharam.

Semana que vem eu volto com alguma coisa que eu ainda não sei o que é.


Um abraço.
Revista Nós e outros Olhos
Artigo
Willian Vulto
Um grande conhecedor do mundo das artes, filmes, games, literatura, quadrinhos e muito mais... Willian Vulto dirige o site de arte e entretenimento "Lugar Nenhum", local onde poderá conferir as novidades deste segmento com grande criatividade e exclusividade.

Acesse: lugarnenhum.net
Willian Vulto
Imagens: Google
Imagem de capa: Willian Vultu

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