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O circo de freaks (humanos)

Foi, durante décadas, um filme maldito, censurado, repudiado e banido em vários países. Mas é um filme essencial para compreender o universo estético de cineastas como David Lynch ou Alejandro Jodorowsky. Tod Browning já tinha realizado uma adaptação convincente de um clássico do terror, “Dracula”, com o icónico Béla Lugosi. Mas este é um filme totalmente diferente, ousado, bizarro e provador. Falo de “Freaks” (1932), hoje um clássico incontornável da história do cinema. A história levada ao grande ecrã por Tod Browning, passa-se num circo no qual as aberrações são a grande atração: anões, mulheres com barba, gêmeas siamesas, homens sem pernas e braços, pessoas com deformidades físicas e mentais invulgares e chocantes.



O argumento é sinistro e gerador de profundas tensões entre os humanos ditos normais e os deficientes. Dos “Freaks” nenhum era ator ou atriz profissional, e o realizador Tod Browning foi acusado de explorar, de forma obscena, as deformidades grotescas daqueles seres humanos. Mas Browning sempre rejeitou estas acusações e até aproveitou para criticar os valores da sociedade e a forma desprezível como os normais vêem os anormais. Um filme que explora, isso sim, os sentimentos humanos mais vis e indignos, mostrando que esses sentimentos são comuns tanto aos homens “perfeitos” quanto aos “imperfeitos”. Este circo é de aberrações, mas de aberrações extensíveis à própria natureza humana.

Passadas tantas décadas depois, “Freaks” ainda incomoda, hoje, suscetibilidades mais sensíveis. Porém, a força dramática desta obra única continua a impressionar, e como objecto de cinema, é um monumento de coragem e de ousadia.





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