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Em comemoração aos 60 anos de “Grande Sertão: Veredas”





Grande Sertão: Veredas
Origem: Brasil
Safra: 1956


Características: Denso, intenso. Arrebatador! Sua força – ora brutal ora suave – vulnerabiliza-nos, quase lírica. Encorpada. Frutada. Harmônica. Plena. Rubra… Nua! Não por acaso, alguns críticos consideram-na uma das mais belas obras já produzidas pela literatura lusófona. Rosa destila-nos nas veias a fantástica saga de Riobaldo, jagunço que, em meio às pelejas do sertão, apaixona-se por um dos cangaceiros de seu bando. Diadorim tem “a cintura fina, as pestanas compridas, os olhos moços, a boca melhor bem feita”. Neste cenário de lutas e amores, quer pela habilidade do autor em descrever minúcias quer por sua impressionante capacidade de síntese, o livro nos traga de um só gole. Transporta-nos para os sertões que nos habitam, a despeito da memória, em áridos rastros da vida que ali se insinua. Trôpega de violenta espera. Vítima de amor e poesia.

Recomendações: Como todo bom vinho, “Grande Sertão: Veredas” foi feito para ser sorvido lentamente, em locais calmos, sob luz suave e afetuosa.


Abaixo delicadas doses. Evoé!

Sobre Deus e o Diabo:

“Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar – é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois no fim dá certo.”

“(…) o diabo é às brutas; mas Deus é traiçoeiro. Ah, uma beleza de traiçoeiro– dá gosto! A força dele, quando quer –moço! –me dá o medo pavor. Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei do mansinho –assim é o milagre. E Deus ataca bonito, se divertindo, se economiza.”

“Deus é paciência. O contrário, é o diabo. Se gasteja.”

“Deus é urgente sem pressa. O sertão é dele.”

“O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito – por coragem.”

“Olhe, o que devia de haver era de se reunirem-se os sábios, políticos, constituições grandes, fecharem o definitivo a noção – proclamar por uma vez, artes assembleias, que não tem diabo nenhum, não existe, não pode. Valor de lei! Só assim, davam tranquilidade boa à gente. Por que o Governo não cuida?!”




Por Elenízia Bernardes
Fonte: http://www.revistapazes.com




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